Capadócia – a terra da Grande Mãe

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Viagens místicas são aquelas que proporcionam uma expansão da consciência diante de fatos ou lugares que relembram à nossa Alma, nossa origem.

Existem lugares na Terra de grande concentração de energia, que favorecem essa expansão da consciência. Diante deles nossa mente se cala em reverência.
Na Turquia há uma região que guarda ainda, de forma muito viva, a memória dos primórdios da humanidade.  Fósseis encontrados pelos arqueólogos contam a história dos primeiros seres que habitaram aquela região há aproximadamente 10 milhões de anos. Existiam grandes animais antepassados do cavalo, chamados ‘mamute’, que desapareceram devido às intensas erupções vulcânicas da era quaternária.
Depois, todo esse material vulcânico sofreu a erosão dos ventos, das águas, e foi se moldando em formas bizarras, transformando a antiga Anatólia numa região única no planeta, hoje chamada Capadócia.

A primeira povoação que se tem notícia foi a de Çatalhoyuk, há cerca de 7 mil anos a.C. época conhecida como Neolítico, ou Idade da Pedra. Escavações encontraram os restos do que teria sido uma cultura pacífica, sedentária, voltada à agricultura. Sua religião era fortemente matriarcal, e dentre os achados pré-históricos havia milhares de pequenas estatuetas da Deusa Mãe, cultuada pelo povo.
Este fato pode ser confirmado pelos estudos sobre a origem do nome Capadócia. Existem placas de bronze muito antigas que fazem menção ao nome desta região como “Katpatuka”, cujo significado na língua persa é “país onde se criam bons cavalos”. A região da Anatólia foi invadida primeiramente pelos povos Hititas, que chegaram à cavalo e dominaram a população nativa. Muitos outros povos invadiram a região, mantendo sempre a criação de cavalos como uma tradição em toda a região da Capadócia.
Mas, antes dessas invasões de povos nômades e guerreiros, o nome desta imensa planície era “Katpat-uka”, que significa “país dos habitantes de Katpat”. Ocorre que, entre os anos 2000 aC., a Deusa Mãe ainda era cultuada pelos nativos, e tinha o nome de “Khepat”, que mais tarde, passando para a fonética grega daria “Katpatuka”, que significa “país da sagrada Deusa Mãe”.  Muito tempo depois esse nome evoluiu para Kappadokia, que é Capadócia, em turco.

Assim, vemos que esse sentimento de reverência que sentimos nesse lugar sagrado, se deve a algo que toca profundamente nossa Alma, como uma lembrança há muito perdida de um tempo onde o ser humano cultuava a Deusa Mãe. Campbel afirma que uma cultura onde os símbolos para a vida são femininos diferem completamente de outra, cujos símbolos são masculinos.

Podemos comprovar isto na história. Os Hititas eram um povo nômade, sem vínculo com a terra, seus deuses eram masculinos e guerreiros, e tudo para eles se resumia em força, poder,dominação.

Após a horda de invasão dos Hititas, vieram os frígios, os persas, os medas, os romanos, todos eles com seus deuses masculinos e guerreiros, e o povo nativo não teve outra solução a não ser buscar o ventre da Grande Mãe para se esconder e tentar sobreviver. Então, eles começaram a escavar esconderijos e amplas residências dentro das rochas vulcânicas pré-históricas.

Mas, a antiga devoção à Deusa Mãe predispôs a índole religiosa desse povo à implantação do cristianismo. Se por um lado, os povos autóctones resistiram e sobreviveram aos ataques e invasões dos guerreiros ao seu país, os milhares de anos de veneração à Deusa Mãe prepararam o espírito daquele povo para acolher o cristianismo nascente e permitiu seu florescimento. Embora o cristianismo tenha nascido na Palestina, ele se desenvolveu em toda a Asia Menor, incluindo a Capadócia.

Muitos foram os eremitas cristãos que se refugiaram dentro das cavernas. E lá deixaram suas obras artísticas pintadas nas paredes. Ainda podemos ver as obras de São Paulo, São Gregório e São Basílio, os três santos capadócios, em pinturas e afrescos rupestres.  Na região de Goreme, a vida monástica ganhou a força dos devotos, e ainda hoje se vê sua história desenhada nas imagens artísticas de Igrejas rupestres.

A riqueza das pinturas encontradas em toda essa região fazem da Capadócia um museu a céu aberto. Goreme se destaca nesse cenário sagrado da história, com suas numerosas igrejas e capelas escavadas na rocha vulcânica.

Um dos atrativos da região são as inúmeras cidades suberrâneas existentes, que chamam a atenção do visitante. Ocorre que o povo autóctone precisava encontrar formas de sobreviver às inúmeras invasões que sofria, à exploração econômica e cultural, e aos impostos exorbitantes que eram cobrados. Então, como conheciam bem a região, eles começaram

a escavar dentro das rochas para se esconder.

E foi assim que surgiram várias cidades debaixo da terra, de vários andares. Como o terreno é todo composto por tufos vulcânicos macios, era fácil escavar e construir túneis, galerias, habitações e templos debaixo da terra.

Ainda podem ser visitadas as famosas cidades subterrâneas da Capadócia, com seus poços de água e respiradouros, os quartos, salas, cozinhas, banheiros, os espaços para armazenar alimentos e até mesmo grandes estábulos para guardar os animais. Em cada nível existem amplas salas para reunião dos moradores e capelas para suas orações. Tudo isso ainda está lá, vivo, contando a história da resistência de um povo à dominação.

Muitas são as maravilhas da Capadócia, mas é preciso destacar as incríveis formações rochosas moldadas pela erosão do tempo, e que lembram castelos, chaminés de fadas, formas bizarras como camelos, pingüins, golfinhos, castelos, fazendo viajar a imaginação dos turistas.

Uchisar é um povoado localizado bem no meio de um cenário fantástico de vales esculpidos pelos tufos de rochas vulcânicas repleto de cavidades. Conta-se que no alto de suas ‘torres’ os povos hititas vigiavam possíveis invasões e controlavam as rotas comerciais da seda. É um dos pontos mais visitados, por causa do incrível espetáculo de suas formações rochosas.