A antiga face de Deus

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Nessa  matéria  impressionante,  iremos  ver  como  os  antigos  povos  percebiam  o Criador.

Talvez você nem acredite que a maneira das pessoas perceberem Deus mudou com o passar dos séculos. Mas foi realmente isso que ocorreu. E, infelizmente, a humanidade optou por um Deus mais carrasco que aquele da época de Jesus e de Moisés, talvez por influência de Roma.

Voltemos no tempo até cerca de dois mil e quinhentos anos antes de Moisés ter nascido. Naquela época, o Egito atravessava um dos momentos mais positivos que algum povo já viveu na história e, por isso, essa fase também foi conhecido por fase dourada da espiritualidade.

No  comando  político  paralelo  desse  Egito,  temos  vários  patriarcas  bíblicos,  e  o objetivo maior de todos os líderes e escolas espirituais era a liberdade física e espiritual. Estudos  arqueológicos  qualificam  essa  fase  como  sendo  um paraíso  na  Terra,  sem escravos e onde as pessoas oravam e Deus aparentemente atendia suas orações de paz, saúde e prosperidade.

Pode parecer estranho, mas na era dourada, o povo egípcio acreditava em um único Deus,  o  qual  se  manifestava  através  de  um  profundo  e  ilimitado  Amor.  Muitas  das supostas  divindades  egípcias  que  conhecemos  hoje,  na realidade  era subalternas  ao Deus Único. Analogamente, Isis, Osíris etc. seriam equivalentes àquilo que hoje o cristianismo chama de santos, apóstolos ou profetas, os quais nunca poderiam ser comparados a Deus, Criador do Universo.

Assim como não existe confusão nos dias de hoje de um santo com Deus, naquela época também nunca houve essa confusão, pois Isis, Osiris e outros eram equivalentes aos santos, já Deus era chamado de Atum ou Atom, também conhecido como Amom Rá ou, ainda, Amém Rá (daí usarmos a expressão Amém  até hoje em orações e muitos desconhecem o motivo egípcio deste uso).

A maior Força e Poder desse Deus era o Amor. Por isso, Deus criou tudo o que existe a partir do Amor, como as almas, a Terra, as estrelas etc. E se o maior Poder de todos era o Amor, esse Deus também era Onipotente, já que o Amor d’Ele era Ilimitado, ao ponto de ter criado o próprio universo.

O destino da alma era unir-se a Deus conforme fosse aprendendo a amar. E quando o amor fosse tamanho ao ponto de unir a pessoa a Deus, a alma passaria a manifestar milagres. Por isso, quanto maior o amor, maior a capacidade do ser humano de corrigir e melhorar tudo a seu redor.

A doença era tida por um bloqueio  na capacidade  natural de receber o Amor de Deus. Esse bloqueio podia estar em qualquer ponto do ser (corpo, mente ou alma) e tinha como causa um desequilíbrio ocorrido por sentimentos opostos ao Amor.

Para os antigos egípcios, os sentimentos contrários ao Amor eram o medo, a culpa e a vergonha,  bem como suas variantes de raiva, radicalismo  (intelectual,  espiritual etc), inveja, julgamento etc. Assim, quanto maior os sentimentos negativos e o radicalismo do ser, maior a ilusão de separação do Criador.

Para superar a ilusão de desconexão, cada ser deveria expandir o amor dentro de si, buscar ser mais maleável  aos acontecimentos  (ser menos radical), respeitar as outras pessoas e fazer boas ações. Em suma, devia buscar suprir os sentimentos negativos por outros mais divinos.

No  caso  da  culpa,  a  pessoa  deveria  buscar  o  quanto  antes  reparar  o  dano ocasionado a terceiro (para aliviar o auto-julgamento), perdoar-se e, feito isso, seguir em frente rumo ao aprendizado  de Amor, com profundo respeito e carinho para consigo e para com o próximo.

Esse respeito para com tudo e todos era um dos maiores ensinamentos da Escola de Mistérios do antigo Egito, pois, a partir de ações respeitosas para com o próximo, cada um poderia atingir o divino sentimento de amor a médio ou longo prazo de maneira totalmente natural. Atualmente, esse aprendizado engloba todas as escolas espirituais do mundo.

A frase “Ama o próximo como a ti mesmo e Deus sobre todas as coisas” contém esse mesmo ensinamento e, em que pese ser atribuída a Jesus, é uma expressão que remonta o antigo Egito. Isso nos faz crer que de alguma maneira Jesus aprendeu com os sábios daquelas terras enquanto era jovem.

Vamos  analisar  essa fabulosa  frase (ama o próximo…)  pois ela será chave para muitos outros ensinamentos. Para tanto, vamos verificar algumas coisas que geralmente apenas estudiosos em teologia têm conhecimento, ou seja, a tradução dessa expressão é ligeiramente diversa daquilo que as pessoas imaginam.

O Amor  Incondicional

Os  evangelhos  cristãos  originais  estão  escritos  em  grego  antigo.  Basicamente existiam três verbos que significava amor: „eros“, „phileo“ e „ágape“. A palavra „eros“ denotava um amor sexual, daí a palavra erótico para falar de um amor sexual. A palavra „phileo“ significava o amor que existia entre familiares, por exemplo, pais, filhos, irmãos etc., daí a palavra filantropia, para denotar um amor fraternal. Por último, temos „ágape“ (contido na expressão “Ama o próximo como a ti mesmo…”), o qual significa RESPEITO.

Claro que todas as três expressões significavam Amor, mas note que todas essas expressões possuem variantes sentimentais para expressar aquilo que se pretendia dizer sobre o amor.

Por isso muitas pessoas interpretam equivocadamente aquilo que Jesus disse e que hoje é chamado de “amor incondicional”. Infelizmente, sem a base grega, muitos acham que devem criar emoções de amor a partir do nada para com terceiros e a única coisa que conseguem com isso é gerar desequilíbrio interno.

A tradução mais correta, a partir do grego original seria “respeite o próximo como a si mesmo e respeite Deus, porque Ele está em todas as coisas”. É isso que está escrito nos evangelhos e não fingirmos um sentimento de amor, mentindo para nós próprios e para outras pessoas algo que no fundo deixa de refletir nossas emoções internas.

Agir com respeito (ágape) é possível ser feito por qualquer um, pois trata-se de uma ação que não exige uma emoção condizente, em que pese poder transformar-se, com o tempo, em uma emoção real de amor a partir do hábito e da repetição continuada.

Muito mais coerente, então, a tradução acima, mesmo porque ela supre uma suposta falta de bom-senso, onde Jesus teria ordenado a alguém gerar um sentimento divino, quando  sabia  da  impossibilidade  disto  ser  feito  instantaneamente  por  uma  pessoa comum. Mas em que pese ser impossível a uma pessoa comum amar divinamente todas as pessoas de maneira imediata, essa mesma pessoa pode agir de maneira respeitosa para com todas as pessoas que tiver contato. E caso faça isso, sempre esse respeito passará  a  englobar  a  sua  personalidade  num  futuro  próximo,  por  causa  das  ações repetitivas que acabam cedo ou tarde moldando o caráter pessoal.

Note que ninguém  diz “vou amar Fulano”  e pronto,  como  num passe de mágica passa a amá-lo. Isso é impossível! É necessário tempo e, ainda, que o sentimento nasça naturalmente. Por isso a tradução de respeito (agape) demonstra a profunda sabedoria de Jesus, pois a partir de com ações habituais podemos, a médio ou longo prazo gerar um real sentimento de amor que passará a integrar a nossa personalidade.  E isso é bem diverso da mentira de criar uma emoção impossível como muitos supõem. De fato, Jesus era um grande sábio!

E essa sabedoria toda, quando é compreendida, faz com que cada um de nós olhe com olhares mais suaves para si mesmo. É que se você conseguiu agir com respeito em situações onde sua emoção era outra, você está no caminho certo e fazendo aquilo que Jesus pediu para fazermos, ou seja, está agindo com amor incondicional.

Mas nesse momento tenho uma boa notícia para você… possivelmente  notou que nunca foi tão imperfeito(a) como imaginava, não é?

Se achou que ter amor incondicional  era algo impossível  de ser alcançado  nesta vida, então agora ter amor incondicional ficou totalmente possível, mesmo porque certamente você já fez esse ensinamento corretamente várias vezes.

Perceba o seguinte: quantas vezes teve vontade de esganar um irmão, um vizinho e não o fez? Quantas vezes devolveu o troco dado a mais, apenas porque acreditava que ficar com o que não lhe pertencia era incorreto?

Notou? Você está no caminho certo! O melhor é que agindo assim estamos fazendo aquilo  que  Jesus  e  outros  tantos  sábios  do  mundo  antigo  ensinavam…  respeito  ao próximo e respeito por si mesmo.

Mas porque falamos do amor incondicional?   Apesar   deste   ensinamento ser libertador,  na realidade  estamos  discorrendo  sobre o antigo Deus cujo ensinamento  é ainda mais maravilhoso.

Voltemos, ao assunto principal, porque temos muito mais a falar ainda.

Os  antigos  acreditavam  que  o  ágape  era  o  principal  Poder  de  Deus.  Por  isso, mediante ações rotineiras de bondade, o ser humano poderia transformar-se no Altíssimo. E se ágape era o principal Poder, isso explicava o porque da não intervenção divina no aprendizado  de  seus  filhos,  por  uma  questão  de  respeito  incondicional  a  divindade existente dentro de cada ser por Deus criado.

Essa   não-intervenção   também   denotava   outras   faces   de   Deus   ainda   mais surpreendentes.  Se Deus  era respeito  infinito,  isso  denotava  que também  era perdão infinito. Decorria daí que Deus nunca punia nenhum de seus filhos.

Aliás, essa imagem de um Deus que já havia perdoado todos os filhos e que nunca iria punir estava presente nos primórdios do cristianismo.

Está escrito no evangelho de João 5:22 que “O Pai a ninguém julga, mas deu ao filho todo o julgamento”… E esse filho, por certo somos nós, pois Jesus, em seu infinito amor, também não seria esse julgador, porque certamente também teria o perdão infinito a todas as criaturas.

Uma prova de que não é Jesus quem irá julgar pode ser vista na passagem  da mulher que traiu o marido e estava para receber a pena de morte por apedrejamento outorgada pelo sinédrio.  Momentos antes do povo matar aquela mulher, Jesus disse a célebre frase: que atire a primeira pedra quem não tem pecado…

Agora  pensemos  um  pouco…  Se  Jesus  fosse  julgar  alguém,  certamente  teria começado por essa mulher, ou não? Mas o que fez ele? Agiu com ágape e certamente, ante um amor profundo, agiria assim com qualquer pessoa, inclusive eu ou você. Logo, Jesus também não julgará ninguém…

Como  descartamos  a  hipótese  de  Jesus  ou  Deus  julgar  alguém,  chegamos  ao mesmo entendimento de que a escola de mistérios egípcia ensinava, ou seja, é o coração da  própria  pessoa  quem  efetua  o  julgamento  dela  própria.  Aliás,  na  mitologia,  se  o coração pesasse mais que uma pena a pessoa seria condenada,  ou seja, é a própria pessoa quem se julga por culpa, medo ou vergonha.

Julgamento

Para julgar é necessário comparar alguma coisa com outra e isso para os antigos era algo que apenas os humanos faziam, já que Deus era perfeito e, logo, seria totalmente respeitoso e amoroso com todos os seres.

Note que quando comparo algum ser com outro, ao mesmo tempo que elevo um, rebaixo  outro,  desrespeitando  aquele  que rebaixei…  Se digo que Maria  é melhor  que José, ao mesmo tempo que elevo Maria, rebaixo José, ainda que essa não seja a minha intenção  original.  E  ao  rebaixar  José,  desrespeitei-o,  a  partir  de  um  sentimento  de desprezo interior para com ele.

Agora imagine se um Deus de Amor infinito e Respeito Infinito faria isso? Claro que Deus Perfeito nunca iria ter desprezo por alguém. Logo, julgar ou comparar alguém ou qualquer coisa era apenas um ato humano daqueles que ainda desconheciam a verdade divina do amor. Assim, o julgamento era algo humano e ilusório, nunca divino.

Era Impossível Agradar ou Desagradar Deus

Desse   ensinamento,   decorre   outro,   ainda   mais   profundo.   Por   sermos   todos igualmente  e  infinitamente  amados,  era  impossível  agradar  ou  desagradar  Deus  de acordo  com nossas  ações,  uma vez que Ele já nos havia  perdoado  antes de termos errado.

Deus estava completamente feliz conosco pelo simples fato de existirmos e qualquer ação por nós praticada (boa ou ruim) fazia parte de nossa jornada de descobrimento pessoal. E por ágape (respeito incondicional), Deus aguardava pacientemente o nosso despertar.

Em outras palavras, julgamento divino e, consequentemente,  pecado não existiam! Isso porque Deus era Amor e Perdão Ilimitados  e nunca iria julgar ninguém  por suas ações.

Importante dizer que Deus sempre continuaria com sua essência divina de Amor e nunca  a  alteraria  por  uma  simples  ação  humana  de  despertar  da  alma.  Em  outras palavras,  nada que você fizesse tiraria Deus de seu eixo, tampouco  de sua Essência Divina, fosse sua ação boa ou ruim.

Mas isso não significava que qualquer um podia fazer o que bem entendesse. É que se por um lado Deus nunca julgava, por outro, cada um de nós possuía  porções de alma as quais efetuavam julgamentos pessoais para verificar o progresso do amor interior, cujo decreto  devia  ser  cumprido  e  materializado.  A título  de  curiosidade,  algumas  dessas porções  de  alma  eram  chamadas  de  ka  (subconsciente)  e  bá  (consciente)  para  os egípcios, de ku e lono para os polinésios, de nefesh e ruach para os cabalistas etc.

Por isso, cada um de nós deveria agir com amor e respeito, fosse para conectar-se em Deus, fosse para evitar um decreto negativo da própria alma (decreto este também conhecido atualmente por karma).

Mas e se houvesse um decreto negativo criado pela própria pessoa  ou por sua alma, como  esta poderia eliminá-lo?

O caminho era buscar reparar o dano cometido a terceiro, perdoar-se e seguir em frente, sem culpa, trauma ou julgamentos. Quando pensasse naquele ato negativo com culpa,  a  única  coisa  a  ser  feita  era  reconhecer  que  o  ato  negativo  serviu  como aprendizado da alma (acerto e erro) e, dizer a si próprio, que Deus, em seu Infinito Amor e Perdão,  também  já o haviam  perdoado.  Se o próprio  Deus  já havia  perdoado,  quem somos nós para não fazermos o mesmo para conosco? Daí devermos perdoarmo-nos e seguirmos em frente rumo a paz e a Deus.

O Pecado

Como o “pecado” era algo natural e inerente ao despertar natural de cada ser, na realidade tinha seu lado positivo, que era saber que aquilo não devia ser feito mais.

Mesmo  na  impossibilidade  de  reparar  o  dano,  cada  um  deveria  buscar  fazer inúmeras ações boas aos próprios olhos, com o objetivo de conseguir o perdão da própria alma e seguir em frente, reconhecendo que a ação negativa teve como lado bom o aprendizado espiritual e serviria para despertar o amor interior.

Aos que discordam,  notem  a seguinte  verdade:  segundo  as escrituras  sagradas, Moisés matou um homem, mas isso não o impediu de ser o primeiro messias bíblico! Também esse fato não impediu Deus de ter falado diretamente com ele (Moisés).

Claro que demorou vário anos para que Moisés atingisse o perdão interno por seu ato, mas o caminho a ser trilhado por nós deve ser o mesmo, ou seja, o do auto-perdão, por mais negativa que tenha sido nossa ação ou por mais negativo que seja o nosso auto- julgamento. Esse é o primeiro passo de retorno a Deus.

Qual o motivo de punir-se inúmeras vezes pelo mesmo ato se o Criador perdoou-nos antes mesmo de errarmos? Claro que para os egípcios e para Jesus essa auto-punição era totalmente inócua, pois Deus nunca julgava!

Então, a única solução era meditar e convencer-se que o ato ruim serviu de lição para que nunca mais errássemos.  Logo, as pessoas deviam buscar amenizar a culpa até o dia de eliminá-la e, o quanto antes, seguir sua jornada de aprendizado espiritual.

Bastava o compromisso pessoal de não mais fazer o erro e agradecer a Deus pela lição aprendida. Era simples assim, porque Deus também era simples e ilimitadamente Bom!

Por tudo isso, os antigos acreditavam que o único meio de aprender a amar era pela transformação gradual da emoção, a qual ocorre no decorrer da vida por ações rotineiras (hábitos), daí a importância do ágape.

P estudo era tido por um meio, nunca como um fim, já que o despertar era emocional e interior a cada indivíduo. Aliás, o despertar poderia ocorrer até sem estudo espiritual algum. Alguém  já ouviu  dizer  que alguém  por ter lido a bíblia  ou a Torah  dez vezes recebeu a iluminação espiritual? Cremos que não, pois do contrário todos os pastores, padres e rabinos estariam iluminados e fazendo milagres como Jesus por aí, inclusive ressuscitando os mortos.

Por outro lado, já ouvimos falar de pessoas santas em todas as religiões que, apesar de serem analfabetas, atingiram a iluminação por causa do amor que despertaram dentro de si. Esse é o verdadeiro Poder, ou seja, o Amor que flui através do coração.

Aperfeiçoar a capacidade de Amar era a maior missão de vida de cada um, pois esse era o único caminho do auto-descobrimento.  E este caminho, certamente, passava pelo respeito e perdão de si, de tudo e de todos.

Hoje muitos afirmam: “Se Deus existe, por qual motivo não nos fez perfeitos?”. Para os antigos egípcios, Deus nos fez perfeitos. Contudo, aprender a amar é algo que apenas pode ser sentido  e vivenciado  na prática  por cada um. É impossível  dizer “vou amar aquela pessoa” e instantaneamente passar a amá-la como num passe de mágica. É necessário convívio, respeito, sentir falta, até o momento no qual o sentimento de amor desperta naturalmente.

O  Amor  não  é  algo  que  possa  ser  vivido  na  lógica.   Ele  é  apenas   vivido emocionalmente e na prática, de acordo com as emoções e vivencias de cada um! Por isso, Deus criou em seu profundo amor uma escola, a qual chamamos Terra, para que pudéssemos aprender na prática o despertar do amor, já que é impossível despertarmos o amor de outro jeito.

Assim como uma mãe nunca controla o coração de seus filhos, Deus também não pode controlar o sentimento  que um ser criado por Ele tenha sem causar desrespeito (falta de ágape). Assim, cada um tem a chance de aprender com sua própria experiência, porque Deus assim desejou.

Esses são alguns dos os principais ensinamentos da antiga era dourada. Em suma: nada era exigido espiritualmente, tampouco haviam julgamentos, mas haviam muitas soluções baseadas no amor para que as pessoas vivessem felizes e em paz com Deus.

A primeira fase de trevas  da história

Após  muitos  anos  de paz  e alegria,  infelizmente  algo muito  negativo  ocorreu.  O Egito, que foi a casa da era dourada da humanidade,  em pouco mais de três séculos passou a ser tido como o mal da humanidade. Nascia a primeira grande fase de trevas espirituais da humanidade.

Aqueles que detinham poder político notaram que Deus era muito bom para o povo, mas muito ruim para defender os interesses políticos. Por isso, era necessário mudar completamente a maneira da humanidade perceber Deus.

Mentiram, usurparam, mataram, mas a sabedoria dos antigos mestres continuou a ser transmitida para raros discípulos e em caráter totalmente secreto, pois do contrário estes poderiam morrer.

Nessa outra fase, os políticos fizeram de tudo para que o antigo Deus fosse banido da história.  Claro  que  faziam  isso para ter  melhores  meios  de manipular  as  grandes massas a partir do medo, coisa que é feita ainda hoje.

E nada mais amedrontador que um Deus com sentimentos parcialmente humanos. Sentimentos  humanos  como  raiva  e julgamento  passavam  a integrar  a nova personalidade de deus (escrito agora com letras minúsculas para diferenciar do anterior).

Inicialmente, disseram que a alma poderia morrer por causa de seus atos, mas como o medo ainda não era bastante,  essa ideia foi mudada  gradualmente  para sofrimento eterno e punição eterna pelos romanos, alguns séculos depois.

Até os gregos,  que outrora  haviam  estudado  em Escolas  de Mistérios  do antigo Egito, foram influenciados  por essa nova fase e, agora, passariam  a transformar  seus deuses em seres semi-humanos com sentimentos egoístas e mesquinhos.

Essa nova influência, especialmente dos gregos, foi crucial para alterar a imagem do antigo Deus nesse deus que conhecemos hoje em dia.

Agora era necessário agradar deus e deveríamos agradá-lo com ações, estudá-lo e abrandar o julgamento divino, pois esse deus também julgava seus filhos.

Mesmo que os primeiros cristãos tenham vivenciado um Deus de amor, claramente essa imagem mudou por causa da influência romana. Hoje temos um verdadeiro absurdo: as  pessoas  acham  correto  temer  Deus,  enquanto  Jesus  e  os  primeiro  cristãos  O chamavam de “baba”, cuja tradução é paizinho do céu (um jeito carinhoso de chamá-lO, que se opõe radicalmente ao temor).

Quando comparamos o Antigo Deus ao deus cultuado hoje em dia, descobrimos que, sem  sombra  de  dúvidas,  esse  novo  deus  foi  criado  a  imagem  e  semelhança  das imperfeições humanas. E isso teve apenas um único objetivo: gerar um medo aterrador, superior ao da própria morte (sofrimento eterno), caso alguma ação de manipulação de massa planejada pelos políticos (supostos emissários do divino) deixasse de ser feita.

Mas como explicar a transformação de Deus Ilimitado em deus que comparava e julgava? A solução foi criar uma falsa guerra do Bem contra o Mal e isso foi muito bom para  os  governantes.   Se  o  povo  fizesse  aquilo  que  eles  (governantes)   queriam, logicamente estavam na equipe do Bem e com Deus, mas quando deixassem de fazer as ações planejadas pelos políticos, estavam a serviço do Mal e deviam ser imediatamente torturados e mortos, o que inclusive justificava a tortura como redenção da alma (método usado na Santa Inquisição).

Essa influência grega foi tamanha, que por volta de 600 a.C. atingiu em cheio o judaísmo transformando-o completamente no decorrer dos séculos seguintes. Na época de Jesus, tanto o imperador, como os integrantes do antigo Sinédrio eram judeus e ao mesmo  tempo  cidadãos  romanos.  Por  isso,  antes  de  tudo  serviam  Roma,  a  qual aproveitou  esse deus do medo para disseminar  o terror e alterar o judaísmo.  Nascia, assim, a ideia de Guerra entre Bem e Mal no judaismo e ainda hoje a maioria dos judeus sequer sabe desse fato narrado pela arqueologia.

Mas  voltando  ao  absurdo  do  deus-humano,  para  dar  mais  credibilidade  a  essa guerra espiritual fajuta, foram criadas figuras demoníacas e angelicais, bem como locais assustadores.  Assim  nasceu  o  diabo  (Samael  para  os  judeus)  e  o  inferno  (vale  de Guehenna para os judeus).

Aliás, o inferno apenas virou um local muito assustador após o século VI d.C., pois ante a influência do Império Romano foi declarado por Concílio Canônico que a pena da alma passava a ser eterna.

Isso mesmo! O inferno apenas passou a ter pena eterna após o século VI d.C. Antes disso (época de Jesus), o inferno era habitado no máximo pela alma por 01 ano. Assim, o vale de Guehenna servia para limpar a alma das impurezas do mundo, antes de sua nova jornada espiritual (vide Dicionário Judaico de Lendas e Tradições, de Alan Unterman).

Era uma passagem de limpeza, muito semelhante aquilo que os espíritas chamam de umbral e que podia ser muito rápida ou levar até um ano de limpeza. Entre o século III e VI, graças aos Concílios Canônicos,  os bispos aumentaram  a pena de um ano para cinco anos. Mas o golpe mortal realmente ocorreu após o século VI d.C. quando, enfim, o inferno passou a ter pena eterna e o diabo foi promovido de um anjo divino de segunda categoria para o todo poderoso senhor das trevas e inimigo mortal desse novo deus.

O mais incrível é que os protestantes mantiveram esse deus imprevisível, como fonte de causar medo e controle nas pessoas.

Sabe, após muitos anos estudando espiritualidade, cheguei a conclusão que as pessoas vão aos templos por causa do medo que nutrem de deus. Na realidade, ninguém vai por ama deus, mas vão aos cultos porque acham que assim fazendo evitarão a fúria divina de irem para o inferno ou outro mal que deus pode lhes fazer. Ora, esse deus então é similar ao diabo porque é igualmente assustador! Ainda que digam ser esse deus um ser  repleto  de  amor,  ainda  assim  ele  está  disposto  a  julgar,  condenar  e  torturar eternamente seus amados filhos. Isso seria algo realmente divino e amoroso?

Deixar  essa  maluquice  de  lado  e  ver  o  Onipotente  com  melhores  olhos,  mais fraternais  e  mais  amorosos  é  algo  inicialmente  difícil  de  ser  feito,  mas  é  realmente libertador após algum tempo.

Sei que é difícil, mas acho que tentar abandonar a culpa é um caminho realmente libertador para qualquer pessoa. E, note isso nunca significa que podemos fazer qualquer coisa, por tudo o que já falamos aqui.

Mas há algo muito bom nessa história toda. Se você tem uma crença religiosa, não há  necessidade  de  mudar  de  religião  ou  de  converter  outras  pessoas  para  o  que dissemos aqui. Apenas  note que todo o seu medo de Deus pode ser dissolvido com base no amor e nos antigos ensinamentos divinos. Aliás, o amor é a única coisa que importa para  Deus  e é isso  que Ele  olhará  em  seu  coração  no dia que continuarmos  nossa jornada espiritual no mundo vindouro.

Por isso, poderá continuar com a religião que possui, mas repense o conceito de Deus para melhor, sem julgamentos, sem guerras de Bem ou Mal, sem punições, sem pecado e sem medo, pois Deus apenas foi e será Amor.

A parábola do Filho Pródigo de Jesus, nunca esteve tão atual! Deixe de comer a lavagem dos porcos (sentimentos negativos) e comece seu retorno a Casa do Pai ainda hoje, com boas ações, amor e respeito a Deus, a seu semelhante e, principalmente, a si mesmo! Deixe hoje mesmo a culpa e o medo de lado, pois certamente quando retornar haverá uma grande festa!

Namastê!